Ciúme, Zelo Doentio

Não fique curtindo essa dor. Encare os fatos com outros olhares.

Ciúme, zelo doentio. Lançamento Futuro

Deixar cair o véu que recobre a natureza humana. Deixar a nudez dos sentimentos e emoções apresentarem sua reveladora realidade. Ir às profundas contradições do pensamento.


Romper princípios, valores. Deixar falar a dor, a vida, o medo, o desejo. É a revelação proposta num diário de vida.

O sujeito padecendo da dor, perdido de ciúmes, propõe encontrar os caminhos responsáveis pela sua sorte.

O ciúme mostra, ao longo das páginas, ser sintoma capaz de destruir relações e provocar ira.

Numa persistência invejável, o sujeito vai, aos poucos, desatando os nós da trama costurada pela vida e suas vicissitudes.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Paixões perigosas

Nelson Motta - O Estado de S.Paulo
Não é só nas novelas que a paixão cega, ensurdece, escurece a mente e embota a inteligência. Ela nos leva a fazer o inconcebível, a aceitar o inaceitável, a esquecer o inesquecível. Como em um transe, uma possessão, ela se incorpora e comanda, atropela a ética, a estética e as evidencias.


Paixão é droga pesada, que provoca êxtase e dependência, é insaciável, e sua falta produz desespero, vazio e dor. Mas sem paixão, dizia Nelson Rodrigues, não se pode nem chupar um Chicabon.

É impossível imaginar grandes conquistas pessoais e coletivas sem paixão, sem entrega. É ela que nos move além do instinto, da razão e de nós mesmos. Fora as carnais, que são hors concours, as paixões mais perigosas parecem ser as políticas, esportivas e religiosas.

É fascinante, e assustador, ver pessoas educadas e delicadas se transformando em bestas boçais cuspindo fogo e soltando coices verbais por um jogo de futebol. Filmados, não se reconheceriam. Reconhecidos, se vexariam. Mas é mais forte do que eles.

Na faculdade, já achava meio ridículos os debates acalorados nas assembleias estudantis, movidos a slogans, palavras de ordem, acusações, bravatas e ameaças. E não raro, força bruta e intimidação. Nobres e pobres paixões juvenis.

Hoje, ler os comentários de leitores nos blogs é chafurdar no que há de mais estúpido na paixão política, e pior, partidária. Pelo seu potencial destruidor, por emburrecer os inteligentes, fortalecer os intolerantes, afastar os diferentes, entorpecer a razão, inviabilizar qualquer convivência.

É a paixão desses militantes sinceros e radicais, de qualquer partido, coitados, que serve de massa de manobra para políticos apaixonados - não pelo País ou a cidade - mas pelo poder, e por eles mesmos.

Como equilibrar a paixão necessária com a razão e a serenidade indispensáveis para viver e crescer em liberdade? Paixões são indomáveis e incontroláveis, delas nascem as piores formas de servidão. Nos resta esperar o lançamento de um Super Paixoneitor Control Tabajara, e não perder a novela Passione, uma aula sobre os estragos que ela provoca.




quarta-feira, 12 de maio de 2010

Síndrome Procusto

Na mitologia grega, um gigante chamado Procusto convidava pessoas para passarem a noite em sua cama de ferro. Mas havia uma armadilha nesta hospitalidade: ele insistia que os visitantes coubessem, com perfeição, na cama. Se eram muito baixos, ele os esticava; se eram altos, cortava suas pernas.

Por mais artificial que isto possa parecer, será que não gastamos um bocado de energia emocional tentando alterar ou "enquadrar" outras pessoas de formas diversas, embora menos drásticas?

Esperamos, com freqüência, que os outros vivam segundo nossos padrões e ideais, ajustando-se aos nossos conceitos de como eles deveriam ser. Ou então, assumimos a responsabilidade de torná-los felizes, bem ajustados e emocionalmente saudáveis.

A verdade é que grande parte dos atritos que existem nos relacionamentos acontecem quando tentamos impor nossa vontade aos outros - quando tentamos administrá-los e controlá-los.

De tempos em tempos, em graus variados, assumimos responsabilidades que não nos pertencem. Tentamos dirigir a vida das outras pessoas, com a intenção de influenciar tudo, desde a dieta até a escolha de roupas, decisões financeiras e profissionais. Tomamos partido e ficamos excessivamente envolvidos, até encontramos ou criamos problemas onde não existem para poder criticar e oferecer conselhos.

É preciso entender que ninguém muda até que deseje fazê-lo, esteja disposto a mudar e pronto, para tomar as atitudes necessárias para efetuar a mudança. E por este motivo que o resultado de nosso "procustianismo" é, contudo, sempre o mesmo. Estamos destinados a fracassar em nossos esforços para controlar ou modificar alguém, não importa o quanto sejam nobres nossas intenções. E estamos destinados a terminar num turbilhão - frustrados, ressentidos e cheios de auto-piedade.

E o que dizer das pessoas que tentamos orientar? Por outro lado, mostramos falta de respeito por seus direitos como indivíduos, privando-as da oportunidade de aprender através de suas próprias escolhas, decisões e erros. Em resumo, nosso relacionamento com aqueles com os quais declaramos nos preocupar profundamente torna-se desarmonioso e forçado.

Permita que os outros vivam sua vida, enquanto vivemos a nossa - viva e deixe viver.
(autor desconhecido)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Relacionamentos

Relacionamentos
Rubem Alves ( retirado da internet )

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que, os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: Há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol.
Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me.
Para começar, uma afirmação de Nietzsche com a qual concordo inteiramente.
Dizia ele: “Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria, capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice”?
Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.
Sheerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme “O Império dos Sentidos”.
Por isso, quando o sexo já estava morto na cama e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites.
O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fosse música.
A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer.
Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ”Eu te amo...”
Barthes advertia: “Passada a primeira confissão, “eu te amo” não quer dizer mais nada. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética”.
Recordo a sabedoria de Adélia Prado: “Erótica é a alma”.
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola.
Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua “cortada”, palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar.
O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo.
Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca.
Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la.
Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui, ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...
bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras.
Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá...
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada.
Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão...
O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento.
Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.
O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor...
Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...

RUBEM ALVES é educador, escritor, psicanalista e professor emérito da Unicamp

terça-feira, 23 de março de 2010

Pensando bem...

"Os ciumentos não precisam de motivo para ter ciúme. São ciumentos porque são. O ciúme é um monstro que a si mesmo se gera e de si mesmo nasce." (William Shakespeare)

Bem, acho que Shakespeare não conhecia a psicanálise, caso contrário saberia que o ciúme pode ser um estado passageiro. E ainda, o ciúme não é um monstro que a si mesmo se gera, ele pode ser gerado por passagens mal resolvidas na infãncia.

"De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela a qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio." (Michel de Montaigne)

Vejam Michel de Montaigne coloca o ciúme como uma enfermidade, ele sabia ser o ciúme uma doença, porém discordo quando diz que nada serve de remédio, afinal de contas podemos "tratar" esse mal que acomete a alma.

"Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões e fazem com que as suspeitas pareçam verdades." (Miguel de Cervantes)

Fantástica definição de Cervantes. O ciumento olha para tudo com óculos de aumento. Na verdade por carregar emoções de fatos antigos, o ciumento, vive duas cenas: a atual e outra a recalcada. Sendo assim suas atitudes, seu olhar em relação a realidade está alterado.

sábado, 20 de março de 2010

Para refletir -

Conta uma lenda dos índios sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem Azul, chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram:
- Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure estar um ao lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?
E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Há o que possa ser feito, ainda que sejam tarefas muito difíceis.
Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia apenas com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.
E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!
Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão.
No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as dos sacos e constatou que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.
- E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram.
- Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres.
Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros.
A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar.
Então o velho disse:
- Jamais esqueçam do que estão vendo, esse é o meu conselho.
Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure,voem juntos, mas jamais amarrados. Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas. Essa é uma verdade no casamento e também nas relações familiares, de amizade e profissionais.
Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas.
A lição principal é saber que somente livres as pessoas são capazes de amar.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A passividade

Às vezes me pergunto porque algumas pessoas preferem cruzar os braços diante do ciúme. Por que dessa passividade? Acredito que a grande maioria não questiona as razões do ciúme. Preferem atitudes pouco produtivas do que questionarem seus pensamentos. Lamentavelmente permanecem estagnadas no mesmo lugar. Prometem rios e mundos ao parceiro e repetem as mesmas atitudes dias depois. Ou pior, ficam remoendo o sentimento e deixam a relação se esgotar. Não seria mais fácil procurar ajuda? Não seria mais apropriado trabalhar de vez o sintoma. Sim, porque o ciúme é quase sempre o sintoma de algo que permanece escondido. Algumas vezes pode ser mesmo uma projeção das próprias atitudes. De qualquer maneira a melhor saída é o diálogo, ou uma boa análise. A relação é um investimento, um investimento a longo prazo. É como um diamante bruto que vamos lapidando. Há sempre algo a ser feito. Pensem nisso!

terça-feira, 16 de março de 2010

Reflexões sobre o ciúme- Parte III

“Se o ciúme é sinal de amor, é como a febre no homem doente, que o tê-la é sinal de ter vida, mas vida doente e mal disposta”.
A frase carregada de sentido foi dita pelo escritor espanhol Miguel de Cervantes. Nos lembra que o ciúme tem mesmo algo de doentio. Se o parceiro do sujeito ciumento sofre, sofre também a pessoa ciumenta. O ciumento parece reconhecer suas fantasias “doentias”, e ao perceber isso é acometido de angústia, tristeza, falta de confiança em si mesmo, nervosismo e outra série de sentimentos negativos.
A verdade é que o ciúme é uma tormenta para todos. Melhor mesmo é buscar ajuda e se ver livre desse sentimento ruim. Não há relação que resista muito tempo quando o ciúme toma conta.
Quando dizem que o ciúme é um veneno em doses pequenas, mas que a longo prazo destrói, é verdade. Começa com a desconfiança, apatia e vigilância contínua em relação ao companheiro. E assim, muita energia que poderia ser usada para fortalecer a relação vai sendo gasta de forma negativa. Depois de um tempo a relação não se sustenta e vem do doloroso fim.
A melhor solução para quem está vivendo isso é o diálogo em primeiro lugar. Depois é muito importante uma análise. A existência do inconsciente pressupõe uma manifestação de desejos reprimidos, cenas vividas na infância que ainda insistem em buscar solução. E, muitas vezes, encontra nas relações uma brecha para satisfação. Assim, o ciúme se torna um sintoma. Como a febre é um sintoma de alguma doença, o ciúme como um sintoma nos diz que há algo errado e precisamos descobrir para tratar, para curar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Reflexões sobre ciúme - Parte II

Na primeira parte vimos o primeiro paradoxo do amor, ou seja, o vínculo x liberdade. Agora veremos o vínculo x alteridade . Outro dilema a ser enfretado pelos "amantes". A palavra alter no latim significa "outro". Por aí já temos a ideia de que outra condição do amor é preservar-se numa relação. Embora o vínculo seja forte não podemos nos perder no outro. Cada um deve preservar sua integridade. Unidos porém separados. Como isso é difícil na vida dos amantes que padecem de ciúme em excesso. Eles não conseguem deixar que o outro fique inteiro, não são capazes de se sentirem desatados do outro. "Manter a alteridade é permanecer outro, é evitar a fusão, é exigir respeito, não no sentido moralista, nem como temor que resulta da autoridade imposta". Nesse sentido é preciso deixar e respeitar o outro na sua criatividade, na sua individualidade. É preciso deixar o outro crescer como ele bem entender, respeitando sua singularidade. " O amor maduro é livre e generoso, fundando-se na reciprocidade, não na exploração: o outro não é alguém de quem nos servimos."
A história da mitologia encontramos a história de Procusto. Um assaltante que aprisionava os viajantes e os adaptava a uma cama de ferro. Se os prisioneiros eram pequenos ele os alongava, se eram grandes ele os mutilava para chegarem ao tamanho ideal. Embora a história seja bastante macabra ela representa de certa forma o que os "doentes de ciúmes" fazem aos seus amados.

domingo, 14 de março de 2010

Frases sobre ciúmes

"O ciúme é o pior dos monstros criados pela imaginação."
(Calderón de la Barca)

"O ciúme, o receio de deixar, o medo de ser deixado são as dores inseparáveis do declínio do amor." (François de La Rochefoucauld)

"As mulheres não gostam do ciúme do homem que não amam, porém lhes desagrada bastante que o homem amado não demonstre algum ciúme."
(Ninon de Lenclos)

"Dizeis ser possível sentir ciúmes sem ter jamais amado? Sim, é possível, pois existem ciúmes de tão ruim origem que são como abortados filhos do mais cruel rancor." (Calderón de la Barca)

"Que vida de inferno é a vida do ciumento! Antes não amar do que amar desse modo." (Paolo Mantegazza)

"Para certas mulheres altivas e donas de si, o ciúme do homem amado pode se apresentar como maneira especial de mostrar o valor que essas mulheres possuem." (Stendhal)

"Meu Senhor, livrai-me do ciúme! É um monstro de olhos verdes, que escarnece do próprio pasto que o alimenta. Quão felizardo é o enganado que, cônscio de o ser, não ama a sua infiel! Mas que torturas infernais padece o homem que, amando, duvida, e, suspeitando, adora." (William Shakespeare)

"De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela a qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio." (Michel de Montaigne)

"O ciúme é uma das enfermidades psicológicas mais congênitas. Quando se nasce com ela, a cura é difícil. Ela envenena as alegrias mais gratas da vida, derrama fel em cada gota de água, em cada bocado de pão."
(Paolo Mantegazza)

"Os ciumentos não precisam de motivo para ter ciúme. São ciumentos porque são. O ciúme é um monstro que a si mesmo se gera e de si mesmo nasce." (William Shakespeare)

"Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões e fazem com que as suspeitas pareçam verdades." (Miguel de Cervantes)

"O ciúme é o maior de todos os males e o que menos compaixão desperta nas pessoas que o causam." (François de La Rochefoucauld)

"As mulheres não bonitas estão sempre ciumentas dos seus maridos; as bonitas nunca! Não têm tempo. Estão sempre ocupadas com o ciúme em relação aos maridos das outras mulheres." (Oscar Wilde)

"O ciúme é mistura explosiva de amor, ódio, avareza e orgulho." (Alfonso Karr)

"As palavras ditas sem reflexão, inspiradas pela cólera, não deitam raízes em parte alguma; porém quando sugeridas pelo ciúme alastram-se quais plantas parasitas, crescem e deitam ramagem sobre a árvore que é o coração, ensombrecendo-o." (Friedrich de Schiller)

"Nenhum estado de ânimo desgoverna tanto o viver do homem quanto o ciúme, posto ser ele flecha envenenada que se crava, simultaneamente, no coração do amante e no orgulho do homem." (Jean-Baptiste Massillon)

"Para que um bom relacionamento continuar e seja agradável, é preciso não apenas suspeitar prudentemente como ocultar discretamente a suspeita." (Stendhal)

"O ciumento sempre espiona, sempre duvida, sempre sofre; indaga do passado, do presente, do futuro; nas carícias busca a mentira; no beijo procura a indiferença; no amor teme a hipocrisia." (Paolo Mantegazza)

"Ciúmes é um sentimento que vem embrulhado em medo." (Autor desconhecido)

"O ciúme faz com que o ciumento veja sombras, fantasmas, com voz, com físico, com vida. Mas são visões , não mais; eis que o ciúme também pode transformar lágrimas em cristais." (Calderón de la Barca)

"Um acesso de ciúme pode levar um homem a cometer ações tão indignas, que, uma vez passada a vertigem da suspeita, ele se encontre grandemente envergonhado." (Jean-Baptiste Massillon)

"Deuses imortais! Rogo por mim e por ninguém mais. Que jamais cresça em meu peito um coração que confie num juramento ou numa afeição."
(William Shakespeare)

"Aumentam sempre aquelas suspeitas que levam ao ciúme; e uma vez averiguadas as suspeitas, sempre diminui o amor que as motivou."
(Félix Lope de Vega)

"No banquete do amor, o ciúme é o saleiro, que ao querer verdadeiro empresta vivo sabor. Advirta-se porém ser erro temperar em demasia. O ciúme, por ser só sal um retrato, se posto demais no prato, não tempera, antes maltrata."
(Tirso de Molina)

"O ciumento que se encoleriza ante a suspeita de não ser amado é um tirano. Se te arriscas a vir a ser um mau em razão de um prazer, renuncia a esse prazer; se te arriscas a ser um tirano em razão de um amor, renuncia a esse amor." (Silvio Pellico)

"O ciumento acaba sempre encontrando mais do que procura."
(Madeleine de Scudéry)

"Essa enfermidade a que os amantes chamam de ciúme e a que melhor chamariam desespero raivoso tem por componentes a inveja e o menosprezo. Quando tal enfermidade domina a alma enamorada, não existe ponderação que a sossegue nem remédio que a possa curar." (Miguel de Cervantes)

"Ciúmes é medo disfarçado em amor." (Autor desconhecido)

"Se a mulher se irrita com o homem ciumento, muitas vezes isso sucede porque ela não se decide sobre se tal ciúme é homenagem ao seu amor ou ofensa à sua virtude." (Stendhal)

"A suspeita e o ciúme são como venenos empregados na medicina: se pouco, salva; se muito, mata." (Antonio Perez)

"O ciúme manifestado pelo homem quase sempre é infundado e sempre inflama a mulher; o ciúme mostrado pela mulher quase sempre é procedente e jamais inflama o homem." (Severo Catalina)

"A suspeita é conselheira dos prudentes e dos discretos."
(Calderón de la Barca)

"É o ciúme turbador da tranqüila paz amorosa! Ele é punhal que mata a mais firme das esperanças!" (Miguel de Cervantes)

"O ciúme jamais está isento de uma ponta de inveja; freqüentemente essas duas paixões estão confundidas." (Jean de La Bruyère)

"Antes de manifestar ciúme que pode tornar a todos infelizes, que cada um se examine a ver se não está em falta com o outro." (Santa Teresa)

"O ciúme é o meio-termo entre o amor e o ódio." (Philibert Commerson)

"Se o ciúme é sinal de amor, como querem alguns, é o mesmo que a febre no enfermo. Ela é sinal de que ele vive, porém uma vida enfermica, maldisposta." (Miguel de Cervantes)

"Da raivosa paixão que resulta do ciúme, só os ciumentos podem falar adequadamente. E será que mesmo os que a padecem são capazes de explicá-la? Como a devem rotular: Loucura furiosa? Inferno confuso? Verdugo do coração?" (Francisco de Quevedo)

"Por sua natureza e seus efeitos, o ciúme se aproxima da inveja. Porém, entre ciúme e inveja permanecem algumas diferenças. Na inveja, sentimos que outros possuem um bem que desejamos para nós, enquanto no ciúme defendemos um bem que julgamos nosso e que não desejamos ver partilhado com outrem." (Pierre Charon)

"O ciúme é uma constrangida homenagem que a inferioridade presta ao mérito." (Mme Puisieux)

"O amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o túmulo." (Salomão)

"O ciúme é indicio de baixeza moral: aquele que desconfia merece que ninguém lhe dê confiança, pois o homem avalia o proceder alheio pelo seu." (Demófilo)

"O que torna tão aguda a dor provocada pelo ciúme é que a vaidade não pode ajudar a suportá-lo." (Stendhal)

"Cada mulher sente ciúme de todas as outras mulheres porque atrás delas correm, se não seu marido, os demais homens, todos os quais, então, se lhe tornam infiéis." (Jean-Paul Sartre)

"É coisa mais que provada não haver ciúme sem loucura. – E também sem amor, meu senhor, isso se pode igualmente afirmar. – Ora ciúme é ódio, e de ódio, sempre, o amor está vazio." (Miguel de Cervantes)

"Ciúmes são tempestades de suposições e de suspeitas, levantadas pelas mesmas paixões que supõe defender." (Soror Maria de Agreda)

"Para aquela que é objeto do ciúme, ele passa a ser considerado como desconfiança injuriosa e, por isso, uma autorização a enganar o ciumento." (Marcel Proust)

"O ciúme tem o seu cabimento: é a pimenta do amor." (Paula Nei)

"Amor sem pitada de ciúme nem é grande nem verdadeiro." (Carbonell)

"O ciúme nasce sempre com o amor, mas nem sempre morre com ele."
(François de La Rochefoucauld)

"Para o ciumento, é verdade a mentira que ele vê." (Calderón de la Barca)

"O ciúme da mulher ordinariamente nasce do despeito, enquanto o do homem é filho do egoísmo." (Severo Catalina)

"O orgulho tem esquisitices como qualquer outra paixão. Temos vergonha de confessar que sentimos ciúmes mas nos vangloriamos de havermos tido e de sermos capazes de tê-lo." (François de La Rochefoucauld)

"O ciumento passa a vida tentando descobrir o segredo que irá destruir a sua felicidade." (Oxenstien)

"O amor bem-educado costuma deixar seu lugar para o ciúme, quando este se apresenta." (Lope de Vega)

"Os amantes que confiam no ciúme para preservar o seu amor, ou são demasiado ingênuos ou são por demais confiados." (Miguel de Cervantes)

"Ciúme é falta de estima pela pessoa amada." (Yvan Bunin)

"São sempre desatinadas as vinganças por ciúme." (Miguel de Cervantes)

"Tanto sofre o ciumento que sente alegria quando morre antes do que o ser amado objeto do seu ciúme." (Ramón de Campoamor)

"Não deveríamos ser ciumentos nem quando houvesse motivo para o ser. Somente quem evita provocar ciúme é digno de o merecer."
(François de La Rochefoucauld)

"O ciúme, que parece ter por objeto apenas a pessoa que amamos, prova que na verdade que amamos só a nós mesmos." (Pierre Corneille)

"Erram tanto o que suspeita demais quanto o que demais confia."
(Denis Diderot)

"O ciúme é odioso quando proveniente de alguém que nos desagrada, mas pode até ser agradável quando demonstra as inquietudes de um enamorado que nos cativou e que assim mostra seu apreço. Quanto mais zelo patentear, mais amor nos merece." (Molière)

"Se é que do amor os ciúmes são filhos segundo é fama; eles aumentam deste amor a chama, a glória, o brilho." (Miguel de Cervantes)

"Não pode florescer ternura onde vicejar ciúme." (Antonio de Castillá)

"Vale mais romper de uma vez do que alimentar permanente suspeita."
(Júlio César)

"É próprio da condição do ciumento enxergar como sendo maiores e mais valiosas, aos olhos da amada, as qualidades do seu rival." (Miguel de Cervantes)

"O ciúme da mulher, de quem se espera amor, é uma revelação agradável, ainda mesmo que valha pouco para a felicidade do coração." (Camilo Castelo Branco)

"O ciúme quando é furioso produz mais crimes do que o interesse e ambição." (Voltaire)

Reflexões acerca do ciúmes. I Parte

Normalmente as pessoas buscam um encontro na vida. Sonham com o par perfeito, com o amor ideal. No entanto isso não significa que ao encontrar uma pessoa amada as coisas param por aí. Muito pelo contrário, uma relação de amor é construída no dia-a-dia, em cada momento. É um movimento sem fim, eterno.
O que é mais interessante numa relação é o estabelecimento de vínculos. A palavra vínculo no dicionário significa: tudo o que ata, liga ou aperta, pode significar ainda nó. Daí já temos o que podemos chamar de um paradoxo. Como é possível um vínculo em que as pessoas não sejam aprisionadas e não se dissolvam na união?
Essa foi uma pergunta feita pelas autoras de Filosofando da Editora Moderna, Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins. Segundo as autoras com o "desejo de união com outro, no amor se estabelece o paradoxo vínculo x liberdade, porque o amante cativa para ser amado livremente". Segunda elas o fascínio é gerador de poder: o poder de atração de um sobre o outro. "
Desde já podemos visualizar as relações afetivas e esse poder transitando na relação. O casal se encontra nesse estado de fascínio, ficam cegos à realidade, ao mundo a sua volta. Vale lembrar aqui que a palavra fascínio, em suas definições, se refere a mau olhado, quebrando. Ainda segundo as autoras, "tal "cativeiro" não pode ser entendido como ausência de liberdade, pois a união é condição de expressão cada vez mais enriquecida da nossa sensibilidade e personalidade." Agir de forma contraria seria o mesmo que anular o parceiro. Mas continuando elas nos diz ser fácil observar isso na relação entre duas pessoas apaixonadas. Ninguém obriga o parceiro a estar juntos, os dois escolhem de maneira espontânea estar juntos. Isso seria o que podemos chamar de relação madura, amor maduro. Você não obriga o outro a estar ao seu lado, se assim acontece tem algo errado . O amor imaturo sim, esse é exclusivista, possessivo, egoísta, dominador . É difícil de acreditar que algumas pessoas se submetem a esse tido de relação. Permitem ser objeto de uso dos outros.
Nunca é fácil determinar com precisão o momento em que esse poder citado acima, advindo da atração, do vínculo, se transforma num desejo de manipulação. Particularmente, acho que a nossa vida tem mais mistérios do que podemos imaginar. Muitas vezes, desejos recalcados na primeira infância, aproveitam de situações atuais e disfarçados ganham força na presente vida. Muitas vezes o ciúme não passa de um sintoma.
Mas retomemos a leitura do texto, segundo ele, "o ciúme é o desejo exarcebado de domínio integral do outro. Não queremos dizer que o ciúme também não exista nas relações maduras. Etimologicamente, ciúme significa" zelo ": o amor implica cuidado e temor de perder o amado. "
Ou seja, ciúme é bom, até o momento que o sujeito perde o controle.
E perde porque? Aquilo que antes era saudável passa a ser doentio? Existe alguma razão que transforma o amor em dor? Mais uma vez acredito serem forças inconscientes oportunistas que tomam frente e fazem o sujeito gozar na dor. Várias pessoas descrevem suas cenas de ciúmes com consciência do exagero. É claro que não podemos descartar outros fatores que estão presentes nas relações doentias de amor, mas acredito ser muito importante que o sujeito tenha consciência das diversas manifestações, inclusive do inconsciente.
Concordo com as autoras quando dizem :
"Se não desejamos o rompimento da trama tecida na relação recíproca e se o outro dá densidade à nossa emoção e nos enriquece a existência, sofremos até mesmo com a ideia da perda. Mas isso não justifica que o" zelo" obstrua a liberdade do outro ".
Ora, toda relação que dá densidade à nossa emoção e enriquece nossa existência, se torna algo muito importante na nossa vida, seja no trabalho, na família, no amor. Só de pensar em perder já somos acometidos de sofrimento. Mas esse medo não significa que devemos construir fantasmas de perda a todo momento. Não significa que deve se preparar 24 horas para o pior. E não vai ser amarrando, ou ameaçando nosso chefe, chatageando nossa família ou proibindo todos os passos da pessoa amada que vamos resolver essa emoção. Muito pelo contrário.
Continuarei na próxima.

Ciúme, Zelo Doentio

A intenção desse blog é levar até você o maior número de conhecimentos acerca do ciúme.